Morreu, aos 96 anos, nesta quinta-feira (27) o cantor e compositor Nelson Sargento. Baluarte da Mangueira, o sambista estava internado desde o dia 21 de maio no Inca (Instituto Nacional de Câncer) após testar positivo para Covid-19.
Ele deixa a mulher, Evonete Belizario Mattos, e os seis filhos biológicos (Fernando, José Geraldo, Marcos, Léo, Ricardo e Ronaldo), além de Rosemere, Rosemar e Rosana, que adotou.
Nascido Nelson Mattos em 25 de julho de 1924, ele tomou contato com o universo do samba ainda na infância, quando se mudou com a mãe e os 17 irmãos para o morro do Salgueiro, na Tijuca.
Antes de estourar na música, porém, o artista fez um pouco de tudo: pintou paredes, trabalhou em uma fábrica de vidros e, na década de 1940, serviu no Exército. Foi lá que ganhou o apelido Sargento, adotado profissionalmente mais tarde. Depois do Exército, emendou uma série de sucessos compondo com o seu padrasto. Juntos, venceram o concurso de samba-enredo da Mangueira em 1949, com “Apologia ao mestre”, e 1950, com “Plano SALTE”, conquistando os campeonatos para a escola nos respectivos carnavais.
O sucesso no carnaval consolidou a reputação de Nelson, que se juntou a outros ícones mangueirenses, como Cartola, Carlos Cachaça e Darcy da Mangueira. Tanto que, em 1958, tornou-se presidente da ala dos compositores. Na década de 1960 integrou formações seminais na história do samba, como A Voz do Morro (com Zé Kéti, José da Cruz, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho e Anescarzinho do Salgueiro) e Os Cinco Crioulos (com Mauro Duarte e de novo Elton, Jair, Paulinho e Anescarzinho). Com eles, participou do histórico show “Rosa de Ouro”, produzido por Hermínio Bello de Carvalho em1965, no Teatro Jovem, em Botafogo.
Nos últimos anos, a longa vivência de Nelson transformou-o numa espécie de museu vivo da cultura, fonte de consulta permanente para pesquisas e produção de livros e filmes. Nelson foi autor de mais de 400 composições — muitas delas compostas no mesmo violão, que o acompanhou por mais de 50 anos.
Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo