Por Anderson Santos*
O sequestro de Ivanilson Gomes, líder do Partido Verde na Bahia, trouxe à tona uma dura realidade: a violência no estado não poupa ninguém, nem mesmo aqueles que estão próximos ao centro do poder. Durante 36 horas de angústia, o dirigente partidário esteve em cativeiro, tornando-se símbolo de um problema que atinge diariamente milhares de baianos. Apesar do desfecho positivo, o episódio evidenciou o descaso do governo estadual diante do avanço do crime organizado.
A lentidão na resposta oficial foi sintomática. Enquanto a notícia se espalhava e gerava apreensão, o governador Jerônimo Rodrigues seguiu sua rotina de compromissos, silenciando por mais de um dia. Quando finalmente se pronunciou, a fala soou burocrática, distante da gravidade da situação. Era esperado que, diante de um evento tão alarmante, houvesse uma mobilização rápida e eficaz, capaz de demonstrar firmeza e compromisso com a segurança pública. O que se viu, no entanto, foi hesitação e falta de liderança.
O caso de Ivanilson não pode ser tratado como um incidente isolado. O crime tem avançado sobre os espaços políticos, revelando um cenário alarmante onde as facções criminosas estendem sua influência para além das periferias. Se uma figura pública pode ser alvo dessa violência, o que resta ao cidadão comum, que diariamente enfrenta a insegurança nas ruas, em casa e no trabalho? O episódio reforça a sensação de que o governo, que se aproxima de duas décadas no comando do estado, não prioriza o combate à criminalidade de maneira eficaz.
E não é de hoje que essa realidade se impõe. Durante as eleições de 2024, facções criminosas tiveram um papel preocupante em diversos municípios baianos, como Salvador, Camaçari e Lauro de Freitas. O crime organizado não apenas impôs restrições a candidatos e militantes, como também coagiu eleitores a apoiarem determinados nomes. Esse cenário sombrio reforça o quanto a segurança pública tem sido negligenciada ao longo dos anos, permitindo que grupos criminosos avancem a ponto de interferir no próprio processo democrático.
Por entender o drama familiar envolvido, a oposição evitou explorar politicamente a situação, mantendo uma postura de cautela. Esse comportamento é digno de reconhecimento, especialmente porque ACM Neto tem sido um dos mais contundentes críticos da política de segurança pública do atual governo. Demonstrando responsabilidade, ele e outros integrantes da oposição optaram por não transformar o caso em um palanque eleitoral, compreendendo a gravidade e complexidade do momento. Essa postura contrasta com a falta de iniciativa do governo, que, mesmo diante de um evento tão grave, relutou em agir com a urgência necessária.
Se esse episódio servir para alguma coisa, que seja para despertar para a necessária reflexão do eleitor baiano sobre o compromisso do PT no enfrentamento ao crime. A população baiana precisa de uma resposta firme e eficiente, não de um governo que se esquiva enquanto o medo se torna rotina. Afinal, se nem mesmo figuras públicas e próximas ao núcleo que comanda o Estado estão imunes à violência, o que dizer do cidadão comum, que segue sem qualquer garantia de segurança?
*Anderson Santos, presidente do PDT de Camaçari