*Por Fabiano Bastos
Começo esse texto pregando um velho ditado popular que diz que não devemos colocar o carro na frente dos bois. Essa velha máxima serve também para a política. Como pensar nas eleições de 2022 se nem ocorreu ainda o pleito de 2020, este ainda ameaçado por conta da pandemia do coronavirus?
Uma candidatura em circunstância normal é trabalhada e iniciada com certa antecedência. O período denominado de pré-campanha estendeu-se bastante por conta das resoluções da lei eleitoral. A pré-campanha é realizada indistintamente e sem prazo de validade, de maneira legal, seguindo interpretação da lei eleitoral. O pleito de vinte e dois perpassa por 2020, que é uma eleição de base da pirâmide, onde elegem-se Vereadores e Prefeitos em todo o Brasil. Aqueles partidos e grupos políticos que obtiverem melhores resultados nesta eleição pressupõem-se que terão boas chances na eleição subsequente.
Partindo deste raciocínio até justifica-se o acirramento e tensionamento que estamos vendo faz algum tempo por grupos políticos, partidos e possíveis candidatos em vinte dois. Esta realidade foi potencializada com a chegada da pandemia do coronavirus. Alguns possíveis pré-candidatos em 2022, principalmente os que almejam o cargo executivo, estão com discursos acirrados. Na grande maioria já estão no curso de algum mandato do legislativo ou executivo em todo o país. Há também aqueles que ocupam cargos políticos em algum governo e têm aqueles que ocupavam cargos de visibilidade em governos e que neste momento estão afastados da maquina, mas nem por isto sem aparecer de alguma maneira no cenário nacional. Teria vários exemplos de nomes que poderia ser apresentado aqui, porem poderia ensejar em algum equivoco, principalmente pelo tempo que temos de hoje até outubro de 2022. Não quero especular. Mas deixo vocês exercitarem a imaginação e encontrem algum político que encaixe em cada uma das situações colocadas à cima.
Utilizarei dois exemplos que estão bem próximo de mim e de boa parte de vocês que estão lendo meu texto agora (sou soteropolitano e resido na cidade de Salvador/Bahia). ACM Neto (DEM) e Rui Costa (PT), atual prefeito de Salvador e Governador da Bahia, respectivamente. Ambos estão no seu segundo mandato, o prefeito encerra a sua jornada este ano e o governador em 2022. Os utilizei como exemplos, pois os mesmos são de partidos diferentes, tem ideologias políticas diferentes e antagônicas, mas têm apresentado algumas características e atitudes que me permitem uma comparação e analise. (1) Todo o Brasil já noticia as ações conjuntas dos dois gestores baianos em relação ao combate do Covid19 em Salvador e na Bahia, inclusive estão muito bem avaliados pela população, apresentando índices históricos em pesquisas recentes. É importante ressalvar que tais aprovações já apareciam em pesquisas mesmo antes da pandemia, suas gestões nos mandatos em curso já eram bem avaliadas pela população; (2) Ambos terão candidatos disputando as eleições para prefeito e vereador na maioria dos municípios do estado (nos seus próprios partidos ou nos aliados), inclusive na capital Salvador, com vistas em vinte e dois. Neto lançou o seu atual vice-prefeito e secretário de infra-estrutura, Bruno Reis, para disputar a sua sucessão e Rui lançou a Major da Policia Militar da Bahia, Denice Santiago, para tentar desbancar a hegemonia do prefeito nas duas últimas eleições. Lembro que Neto e Rui sinalizam ao mundo político que ambos pretendem disputar a eleição em 2022, o primeiro tentando suceder Rui no Governo da Bahia e o atual governador tem pretensões de ser o candidato escolhido pelo seu partido a disputar à presidência da república. Por tudo isto exposto, eleger o máximo de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores agora em 2020, principalmente ganhar a cadeira de prefeito da capital torna-se-a o principal objetivo dos dois governantes. Aproveito para destacar que Salvador tem aproximadamente 2 milhões de eleitores e a Bahia tem um colégio eleitoral de mais de 10 milhões de votos. Daí a importância dos grupos políticos em saírem bem nas próximas eleições de outubro/20.
Mesmo com a exposição de alguns aspectos analisados acima e que se mostram favoráveis aos dois pretensos candidatos em 2022, vários outros fatores deverão ser levados em conta para que cada um consiga se viabilizar de fato candidato ao cargo que pretendem disputar. Seja em 20 ou 22, cada um tem vantagens e desvantagens. O conjunto da obra será questionado por seus grupos políticos e principalmente pelos eleitores.
Finalizando esta minha opinião, vos pergunto! Estão certos ou errados os políticos em colocar o carro na frente dos bois e estarem com um olho no padre e outro na missa, eleição 2020 e 2022?
Fabiano Bastos, consultor de marketing político*
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