[Opinião] Entenda por que a Pesquisa Real Time Big Data não é boa para Caetano

Por Anderson Santos*

A recente pesquisa do instituto Real Time Big Data revela um dado preocupante para Luiz Caetano (PT): em pouco mais de 100 dias de gestão, 40% da população de Camaçari já desaprova seu governo. Em um cenário comum de início de mandato — tradicionalmente marcado por otimismo e paciência popular —, esse número revela um desgaste precoce e inesperado até mesmo por seus aliados mais otimistas.

A aprovação de 55% está longe de representar um cenário confortável. Em comparação a outros gestores recém-eleitos, Caetano inicia sua jornada sem o fôlego político que se espera de quem retorna ao poder com amplo apoio partidário. Isso indica que a expectativa de renovação e de um novo ciclo positivo foi rapidamente frustrada. A percepção de estagnação e a repetição de velhas práticas administrativas podem estar alimentando esse sentimento.

O transporte público, por exemplo, continua sem respostas, incluindo os ônibus elétricos propagados durante a campanha eleitoral  que circulariam já em janeiro não há nem sinal e nem satisfação para o munícipe. Este é um símbolo claro do abismo entre discurso e prática.

A saúde pública, outro pilar da insatisfação popular, segue em situação crítica. A população enfrenta filas, ausência de remédios, unidades sem estrutura básica e promessas não cumpridas. Durante a campanha, Caetano se comprometeu a reformar o sistema e priorizar os mais vulneráveis. Mas, até agora, as ações têm sido tímidas ou inexistentes, o que só aumenta a sensação de abandono.

Internamente, a situação também é delicada. Parte significativa dos aliados políticos esperava participar da construção do governo, ocupando espaços estratégicos e ajudando a conduzir as decisões. Em vez disso, muitos foram deixados à margem, o que vem gerando insatisfação dentro da própria base. Esse isolamento político pode ter reflexos nas votações futuras e na estabilidade da gestão.

Em uma cidade com mais de 200 mil eleitores, sendo que cerca de 150 mil participaram da última eleição, 40% de rejeição representam aproximadamente 60 mil pessoas insatisfeitas com a condução do governo. Isso é muito mais que uma margem: é uma base sólida de eleitores que está pronta para buscar alternativas. Mais do que um desafio administrativo, esse dado é um problema político de primeira ordem para Caetano e seu grupo. 

Além disso, os dados revelam que Camaçari está politicamente dividida. Essa divisão, que poderia ser temporária, tem sido historicamente alimentada por uma forma de governar que privilegia o confronto em vez da conciliação. A insistência em estratégias ultrapassadas de dominação política pode custar caro, especialmente em um momento em que a população anseia por resultados concretos e inclusão real.

Em resumo, a pesquisa não apenas revela um momento ruim para Caetano — ela confirma que há uma crise de expectativas instalada em Camaçari. A gestão começa enfraquecida, sem margem de erro e com uma população impaciente por soluções que não chegam. Nesse cenário, cresce a força política de Elinaldo e do grupo de vereadores da oposição, que têm atuado com firmeza, coerência e proximidade com o povo. Enquanto o governo patina, a oposição se consolida como a verdadeira alternativa para 2026, com discurso claro, base mobilizada e legitimidade para liderar um novo ciclo.

*Anderson Santos é pedagogo, analista político e filósofo da educação