[Opinião] Neto, Wagner e Roma: a “lista triplice” da sucessão estadual

Por Marco Wense

Podemos dizer que a votação apontada nas pesquisas para João Roma, do Republicanos, sigla ligada a Igreja Universal do Reino de Deus, aqui na Bahia sob a batuta do deputado federal e bispo Márcio Marinho, corresponde a 80% de eleitores bolsonaristas.

Outro fato incontestável é que a pré-candidatura do ministro da Cidadania na sucessão do governador Rui Costa (PT) ainda é uma tentativa de levá-lo a ser vice de ACM Neto, que além de ocupar a primeira posição nas consultas de intenções de voto, é o presidente nacional do Partido do Democratas (DEM).

Roma na chapa majoritária encabeçada pelo ex-prefeito de Salvador, que realizou duas boas gestões no comando do Palácio Thomé de Souza, é o maior desejo do bolsonarismo. Se a missão de reaproximá-los falhar, o plano B entra em ação, que é a candidatura de verdade de Roma ao governo do Estado, o que significa um importante palanque para o segundo mandato de Bolsonaro (reeleição).

De agora em diante, tudo que vier do governo federal para a Bahia será creditado a Roma. Vale lembrar que o programa Bolsa Família, vinculado a pasta da Cidadania, terá um aumento e, obviamente, que será atribuído a um esforço, a uma iniciativa do ex-aliado de Neto.

Outro ponto é que não interessa a cria política do ex-alcaide soteropolitano postular o Senado. Ou a vice de Neto ou sair candidato a governador. Nos bastidores do romismo, é dado como certo, favas contadas, que a vaga para o Senado da República não tem como não ser do grupo político do lulopetismo, seja com Rui Costa ou Otto Alencar, dirigente-mor estadual do PSD, buscando sua reeleição.

O cenário, até mesmo em decorrência de que as eleições vão acontecer em 2022, se encontra envolto por um grande e denso nevoeiro, que só vai começar a dissipar, tornando-o mais transparente, depois das águas de março fechando o verão de 2022, como costumo dizer.

Daqui para o início da efervescência do pleito, na hora da onça beber água, como diz a sabedoria popular, muita água para passar debaixo da ponte do emaranhado jogo político ou, se o caro leitor preferir, muita poeira para assentar no chão da sucessão estadual.

O que salta aos olhos, e aí não se tem nenhuma dúvida, é que João Roma saindo candidato ajuda o petista Jaques Wagner. Assim como qualquer rebeldia na base aliada de Rui Costa, principalmente com o PP do vice-governador João Leão, termina beneficiando ACM Neto.

Dessa, digamos, labiríntica e empolgante disputa pelo cobiçado comando do Palácio de Ondina, só se tem uma única certeza: que o próximo governador não tem como não ser ACM Neto, Jaques Wagner ou até mesmo João Roma. É mais fácil encontrar uma pequenina agulha em um gigantesco palheiro do que aparecer outra opção com viabilidade eleitoral e força política para desbancar o trio.

O traiçoeiro e movediço mundo da política, através de seus representantes, uns dignos outros não, uns com espírito público, mas a grande maioria visando os próprios interesses, costuma dizer que na política tudo é possível. Mas é impossível que o substituto de Rui Costa não saia dessa “lista tríplice” pelo voto popular.