[Opinião] O bom político cria o ambiente para negócios; o florescimento de Salvador é prova disso

Por Nizan Guanaes*

Tenho evitado falar de política nesta coluna. Sou empresário, política não é a minha seara, e este caderno é sobre mercado, dinheiro, empresas e trabalhadores.

Entretanto, o bom político cria o bom ambiente para o mundo dos negócios. O florescimento de Salvador, cidade que eu amo, é prova disso.

Há oito anos, a cidade estava derrubada. Hotéis fechando, turistas fugindo, Carnaval caindo pelas tabelas e empresários e empreendedores desanimados. Uma cidade sem perspectivas e sem ambiente empresarial. Quem deseja investir num ambiente assim?

O prefeito atual engendrou uma virada na cidade, inclusive no aspecto empresarial. Ele governou com visão e prazer, traço jusceliniano de bons administradores. Resultado: hotéis novos, cidade cheia de turistas, Carnaval reenergizado, cheiro de orgulho líquido e de esperança no ar, que o faro empresarial fareja e volta a investir.

Agradeço ao prefeito de minha cidade nesta Terça-Feira de Carnaval em nome do empreendedor que investiu no hotel, do dono da pousada cheia, do restaurante, da baiana do acarajé, dos trabalhadores de todos os quebrantes e de uma cadeia de empresas pequenas, médias e grandes que floresce em ambiente fértil.

A cidade também ganhou com a rivalidade que o bom prefeito tem com o bom governador baiano.

Ao restaurar e embelezar os pontos turísticos maltratados pelo tempo e pela má gestão, ao cuidar do Carnaval, da limpeza das praias, da iluminação que dá segurança aos cidadãos, ele trouxe o turista –e o emprego e a renda que vêm com ele.

Ao fazer um centro de convenções de primeira, permitiu uma agenda de eventos o ano todo para que a metrópole não bombe só no verão e no Carnaval. Salvador agora tem uma infraestrutura para os negócios e para as pessoas, inclusive um metrô de superfície novinho e perto do mar.

É por isso que a cidade está recebendo 2,8 milhões de turistas, o melhor número dos últimos 12 anos, é destino mais procurado no verão, foi uma das 54 cidades do mundo a serem visitadas no ano passado pelo The New York Times, bateu 92% de ocupação nos hotéis e virou um canteiro de obras.

Tenho amigos que estão comprando casa em Salvador, buscando vidas mais humanas, para viver ou passar férias numa cidade genial que abraça e mistura o mundo, sem perder sua alma.

Salvador pode ser uma Lisboa mais animada e mais picante. A boa política é essencial para os negócios de uma cidade com essa vocação, como foi em Lisboa.

Gestão, gestão, gestão.

Um bom gestor é objetivo. Ele não briga com a matemática e com a lógica. Ele busca ser pragmático, ele busca ser estratégico, e essas buscas afugentam o demônio cego da ideologia. Empresários e trabalhadores em geral, que tiveram uma vida tão dura nesses últimos anos, não querem saber de ideologia.

Esse país precisa de empresários gestores que não se relacionam com a política, mas que têm espírito público. E de políticos que sejam bons gestores.

Porque é graças a um bom gestor que a praça Castro Alves está cheia de gente orgulhosa brincando o Carnaval, de turistas encantados com a cidade e de gente que está trabalhando feliz graças a uma metrópole turística que floresceu.

Este artigo não é sobre política. Ele é sobre gestão pública, fator fundamental para criar um ambiente econômico propício para o investimento e o empreendedorismo.

Este texto é um reconhecimento dos baianos a todos vocês que fazem parte desta gestão exitosa. Escrito por um ilustre baiano que reside em São Paulo.

* Texto publicado originalmente na Folha de São Paulo do dia 25/02/2020.