[Opinião] O que é de Elinaldo, Caetano tenta fazer parecer seu!

Por Anderson Santos*

Passados mais de 100 dias do novo governo de Caetano, o que se vendeu durante a campanha eleitoral ser um período de retomada de construção de uma nova marca administrativa se mostra, na prática, uma sequência de decepções e ausência de realizações concretas. A gestão atual amarga críticas crescentes da população, reflexo de uma condução sem marca própria, que tenta disfarçar a falta de entrega real com a apropriação indevida de obras herdadas da administração anterior.

A recente propagação em Outdoors da entrega da UPA dos Phoc’s é um exemplo emblemático. Alardeada como um feito da atual gestão, trata-se, na verdade, de uma obra inteiramente planejada, licitada, construída e entregue por Elinaldo. O mesmo ocorre com a Nova Praça Desembargador Montenegro, cuja execução avançada já estava com previsão de entrega antes mesmo da mudança de comando na prefeitura. Até mesmo as 2.000 casas do programa Minha Casa Minha Vida, vitrine de qualquer gestão municipal, foram conquistadas e iniciadas durante o último mandato de Elinaldo.

É curioso observar como Caetano faz uso político dessas obras, como se fossem realizações próprias, sem qualquer menção ou reconhecimento à gestão anterior. Um contraste evidente com a postura de Elinaldo, que ao assumir em 2016 entregou os conjuntos habitacionais hoje conhecidos como Sítio Verde — iniciados em gestões passadas — sem tentar se apropriar politicamente do que não lhe cabia.

Além da tentativa de reescrever a história recente com um verniz de marketing e retórica repetida, o governo Caetano começa a dar sinais de esgotamento precoce. A população já sente na pele os efeitos da ausência de medidas efetivas: promessas não cumpridas, como a resolução imediata do transporte público com os ônibus elétricos que nunca chegaram; a falta crônica de exames médicos; e a escassez de medicamentos nas farmácias populares, entre outros, falta de manutenção das praças, não pagamento de artistas e grupos populares que se apresentaram nas lavagens, entre outros.

Não à toa, o sentimento de frustração já extrapola os muros da administração. Internamente, aliados demonstram inquietação, e externamente, os cidadãos ocupam as redes sociais para denunciar e expor os erros de uma gestão que parece não ter entendido que os tempos mudaram. A propaganda baseada em repetições, inspirada na velha tática de Goebbels — ministro da propaganda Nazista, onde uma mentira dita muitas vezes se transforma em verdade — encontra hoje um campo de resistência: a internet e a vigilância dos próprios munícipes.

Caetano parece ignorar que não governa mais sob as condições de seus segundos ou terceiros mandatos, onde o controle da narrativa era mais fácil. A era da comunicação horizontal deu voz a todos, e as mentiras têm prazo de validade cada vez mais curto.

Seguimos, como cidadãos, torcendo por Camaçari, mas também atentos e críticos. Que Deus nos proteja de administrações que, além de desastrosas, tentam apagar o passado recente em favor de uma construção artificial de méritos. E já se ouve, vindo dos cantos da cidade, um sussurro que cresce nas ruas e nas redes: uma saudade que não é apenas afetiva, mas administrativa — uma saudade forte… do meu ex. Um ex-gestor que, com todos os desafios, entregava obras reais, enfrentava os problemas de frente e não precisava vestir como troféu o que não era fruto de seu trabalho.

*Anderson Santos é pedagogo, analista político e filósofo da educação