[Opinião] Os falsos profetas e paladinos da moralidade: hipocrisia em tempo de pandemia

Fabiano Bastos*

Neste momento crítico de pandemia em que vivemos, deveríamos nos ater ao combate deste inimigo nefasto e invisível, o Covid-19, porém de modo bastante contraditório boa parte da população brasileira insiste em politizar o assunto, concentrando seus esforços para o tensionamento e a polarização, quando de fato o assunto é saúde pública.

É lamentável que cidadãos brasileiros, sobretudo, em alguns casos, esclarecidos culturalmente e muito pouco politicamente, estejam gastando seu precioso tempo em discutir e em alguns casos até brigar, por não comungar com suas ideias. O extremismo está imperando no Brasil. De um lado temos os apoiadores e pseudo direitistas que votaram e ainda apóiam o presidente Bolsonaro, do outro temos os liderados por Lula e os pseudo esquerdistas e outras ideologias partidárias. Assim fica explicita a polarização política que vivemos atualmente.

Vale entendermos como se define a direita na política: “De acordo com o The Concise Oxford Dictionary of Politics, nas democracias liberais, a direita política se opõe ao socialismo e à social-democracia. Os partidos de direita incluem conservadores, democratas-cristãos, liberais e nacionalistas, e os da extrema direita incluem nacional-socialistas e fascistas.”

Precisamos também entender o que é a esquerda: “No espectro político, a esquerda se caracteriza pela defesa de uma maior igualdade social. Normalmente, envolve uma preocupação com os cidadãos que são considerados em desvantagem em relação aos outros e uma suposição de que há desigualdades injustificadas que devem ser reduzidas ou abolidas.”

Não podemos deixar de entender o “centro” na política, para termos um contra-ponto : “Centro (política) O centrismo na política, dentro do conceito da existência de uma Esquerda e Direita (política), é a posição de quem se encontra no centro do espectro ideológico. Para alguns, há apenas duas posições políticas: a de esquerda e a de direita.”

Penso ser válida estas definições para que possamos refletir e de fato entendermos onde nos encontramos no posicionamento político, ou melhor, iniciemos uma discussão mais ampla a partir destas definições e possamos nos auto intitular de direita, esquerda ou centro. Digo isto por regularmente estar ouvindo muitas pessoas se auto definirem de alguma tendência política sem ao menos saber o que cada uma delas significa.


É importante ressalvar que boa parte da população, sobretudo aqueles que votaram no candidato vencedor na eleição de 2018, está marcada por um voto de revolta à tudo aquilo que a política nacional apresentou nos últimos anos, inclusive foi denominado de candidato OUTSIDER. Por outro lado, a outra parte que não votou no vencedor de 2018, não se conforma com a derrota para o outsider. Propalam aos quatro cantos que o candidato vencedor era um deputado inexpressivo, escoria da política nacional, baixo clero do Congresso e tantos outros adjetivos. Mero choro dos derrotados! Doa a quem doer o candidato vencedor em 2018 teve competência para vencer a eleição. Inclusive esta mesma parcela perdedora questiona os meios utilizados para o sucesso inesperado deste vencedor, ventilam inclusive a utilização de ferramentas inapropriadas de internet. Coisa que nunca se comprovou de fato.

Hoje, se tornou normal aqueles que por ventura não comunguem com as ideias extremistas do atual mandatário da nação são sumariamente taxados de “esquerdopatas”. Vou citar como exemplos duas figuras conhecidas nacionalmente: João Doria (governador de São Paulo e empresário bem sucedido, por tanto capitalista) e ACM Neto (político raiz do antigo PFL e hoje presidente nacional do Democrata). Ao discordarem das posições assumidas pelo presidente, que se coloca contrário ao isolamento social, ambos os gestores foram denominados pelos bolsonaristas como “esquerdistas”. Sabem de nada, inocente.


Importante salientar também que os que atualmente se intitulam de extrema-direita e seguem fieis às ideias de Bolsonaro são os mesmos que se regozijam há anos com as benesses do poder, sempre promiscuamente relacionados com o tal. Você que está lendo agora este texto já viu ou ouviu alguém próximo ou não externar que é o paladino da moralidade e aspirante à Irmã Dulce, quando você mesmo sabe ou tem conhecimento que esta mesma pessoa tem histórico de alguma coisa errada na sua biografia e em alguns casos contumaz na prática da coisa errada para o benefício próprio? A chamada hipocrisia!


Inclusive aproveito para informar a todos que um dos principais motes da campanha eleitoral do atual presidente da República, de não se utilizar do apoio no congresso da turma do “Centrão”, as mesmas figuras envolvidas no escândalo do “Mensalão Petista”, está caindo por terra, constituindo-se em uma verdadeira falácia.

Tenho convicção de que neste momento em especial, vide a dificuldade no combate ao poderoso inimigo, Covid – 19, necessitamos deixar as possíveis diferenças ideológicas e políticas de lado e nos unirmos por um objetivo comum. Combater o vírus! Sei também que o poder, aliado à arrogância e prepotência inerente a alguns líderes políticos no nosso país, leva o meu desejo a ser classificado de utopia. Fico sentido pois muitas vidas serão ceifadas por conta das atitudes egoístas e autoritárias de alguns governantes brasileiros, sem falar de anti-democráticas.

* Fabiano Bastos – brasileiro , baiano e soteropolitano.