O Elevador Lacerda completa nesta sexta-feira (8) 150 anos de serviço, ligando a Cidade Alta à Baixa. Um dos mais famosos cartões postais de Salvador, o equipamento é o primeiro elevador urbano do mundo e foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2006.
Nomeado em homenagem ao engenheiro baiano Antônio de Lacerda – idealizador e construtor do monumento -, o elevador foi inaugurado em 8 de dezembro de 1873, e desde então, tem sido um dos principais cartões-postais da cidade. A estrutura, com suas duas torres gêmeas e quatro elevadores, conecta a Cidade Alta à Cidade Baixa, atravessando a Baía de Todos os Santos.
O equipamento era o mais alto de todos quando começou a funcionar, com 63 metros de altura. Depois de muitas reformas e de ser tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2006, atualmente a estrutura do Elevador Lacerda tem 72 metros de altura, duas torres e já chegou a transportar 33.850 pessoas num único dia, recorde atingido em 16 de janeiro de 2019.
Ao longo dos anos, o Elevador Lacerda evoluiu de uma simples solução de transporte para um dos principais pontos turísticos da cidade. Milhares de turistas visitam o equipamento todos os anos para apreciar a vista panorâmica que ele oferece da Baía de Todos os Santos e do Porto de Salvador.
Início – O Elevador Lacerda foi criado para solucionar um problema existente de desnível na cidade. No início do século XVII, o uso de guindastes era a única solução para o transporte de cargas em Salvador. As pessoas precisavam se locomover usando longas escadarias e ladeiras íngremes, o que dificultava muito o dia a dia da população. Desde então, além de ajudar os moradores, ele tornou-se um cartão postal e uma atração turística.
Foi nesse contexto que a visão do engenheiro Antônio de Lacerda surgiu. O Elevador Lacerda, cuja construção começou em 1869 e foi concluída em 1873, foi uma realização notável de engenharia. Era uma máquina movida a vapor, que inicialmente utilizava cabos de aço e contrapesos para elevar as gôndolas, proporcionando uma maneira rápida e eficiente de superar as diferenças de nível entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa.
Na época da criação do monumento, Antonio Lacerda estava à frente da Companhia de Transportes Urbanos e em parceria com o irmão mais novo, Augusto Frederico de Lacerda, iniciou a empreitada da construção do equipamento. No período, parte da sociedade chegou a duvidar da viabilidade do equipamento, conforme registro feito pelo próprio Lacerda:
“Sendo o Elevador Hidráulico uma invenção nova tentada no país, e o seu projeto o mais gigantesco em relação mesmo aos Lifts e Hoisting Machines existentes na Europa, pela altura de sua torre e extensão do seu túnel através da rocha viva, eu bem sabia que a empresa havia de encontrar obstáculos perante a indústria acanhada e rotineira da província, por falta de conhecimentos teóricos e práticos de uns, pela dúvida e incerteza de outros, e, finalmente, pela descrença de muitos, que longe de auxiliá-la com seus capitais e influência, consideravam e propagavam ser ele uma utopia!”.
A construção durou quatro anos e foi inaugurada no dia 8 de dezembro de 1873, quando também se celebra o Dia de Nossa Senhora da Conceição da Praia. Inicialmente, o monumento foi batizado de Elevador Hidráulico da Conceição, mas em 1894 foi rebatizado para o nome conhecido até hoje.
Estrutura – O Elevador Lacerda tem 191 pés de altura (72 metros) e duas torres: uma que sai da rocha e perfura a Ladeira da Montanha, equilibrando as cabines, e outra, mais visível, que se articula à primeira torre, descendo até ao nível da Cidade Baixa. O elevador mais famoso da Bahia chega a transportar 900 mil passageiros por mês ou, em média, 28 mil pessoas por dia, num percurso de trinta segundos de duração.
Ao longo das décadas, o Elevador Lacerda passou por algumas mudanças. Em 1930, foi eletrificado, substituindo o antigo sistema a vapor. Posteriormente, em 1960, o elevador passou por uma modernização significativa, com a construção de novos elevadores, mas preservando sua estrutura original. Essas mudanças não apenas tornaram o elevador mais eficiente, mas também garantiram sua continuidade como um monumento histórico.
Foto: Jefferson Peixoto/ Secom