O PDT formalizou nesta terça-feira (4) apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) após a campanha do petista endossar três propostas do pedetista Ciro Gomes, que terminou em quarto lugar nas eleições de 2022.
A decisão foi tomada após reunião da Executiva do PDT realizada de forma virtual e presencial nesta terça na sede do partido, em Brasília. Como em 2018, Ciro Gomes deve acompanhar a decisão do partido. Ele participou remotamente do encontro.
A informação foi antecipada à Folha pelo presidente do PDT, Carlos Lupi. Ele disse ter conversado com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, nesta segunda (3) e afirmou ter sugerido a ela a incorporação de três propostas de Ciro: o programa que prevê zerar dívidas do SPC, o plano de renda mínima e um projeto de educação em tempo integral.
Após terminar o primeiro turno em quarto lugar, Ciro adiou por “algumas horas” o anúncio sobre seu posicionamento para o segundo turno.
“Nunca vi uma situação tão complexa, tão desafiadora, tão potencialmente ameaçadora sobre a nossa sorte como nação”, disse ele na noite de domingo (2), após a divulgação do resultado do pleito.
“Por isso, peço a vocês mais algumas horas para conversar com meus amigos, conversar com meu partido, para que a gente possa achar o melhor caminho, o melhor equilíbrio para bem servir a nação brasileira”, continuou o candidato, que teve cerca de 3,5 milhões de votos, ou 3% do total.
Ciro terminou a corrida com 3,04% dos votos, atrás de Simone Tebet (MDB), que teve 4,16%. Neste domingo (2), com 99,99% das urnas apuradas, Lula recebeu 48,43% dos votos válidos e o atual chefe do Executivo, 43,20%. Ambos vão disputar o segundo turno.
Em uma situação inédita, ele terminou em terceiro lugar no Ceará, sua base política, e viu seu candidato ao governo, Roberto Cláudio, encerrar a disputa também na terceira colocação. O petista Elmano de Freitas foi eleito no primeiro turno com 51% dos votos.
A eleição no Ceará rachou a família Ferreira Gomes. Cid e Ivo, irmãos do pedetista, apoiaram Elmano na reta final da corrida ao governo. “Eu dei minha vida ao povo cearense e algumas lideranças, todas que ajudei a formar, se reuniram e meteram a faca nas minhas costas”, disse Ciro em entrevista ao Flow Podcast em 26 de setembro.
Durante a eleição, o pedetista foi duramente criticado por um aceno à direita, visto em entrevistas ao programa Pânico, da Jovem Pan, emissora considerada a voz do bolsonarismo, e ao programa do podcaster e youtuber Bruno Aiub, conhecido como Monark, desligado do Flow após defender o direito de existência de um partido nazista.
Ciro também foi alvo de ataques quando postou, no último sábado (1º) em suas redes sociais, um pedido de voto em que usa, como imagem, uma foto em que ele aparece ao lado de Jair Bolsonaro (PL). O candidato do PDT aparece na imagem fazendo com as mãos o número do seu partido, o 12.
Danielle Brant e Julia Chaib, Folhapress