Pescadoras e marisqueiras participam de lançamento de edital da Bahia Pesca, SPM e Seagri

Pescadoras, marisqueiras de Salvador, Lauro de Freitas, Valença, Maragogipe, Santo Amaro e Sobradinho, entre outros municípios, lotaram o auditório da Secretaria de Políticas para as Mulheres na tarde desta quinta-feira, 06, para o lançamento do edital de chamamento público “Respeita As Mina das Águas”.

 

O projeto é uma iniciativa da Bahia Pesca, em parceria com a SPM e a Secretaria de Agricultura e pecuária do Estado (Seagri), com o aporte de R$ 225 mil em recursos destinados à capacitação de trabalhadoras da pesca. Na ocasião, o presidente da Bahia Pesca, Alexandre Sapucaia, e a secretária de Políticas para as Mulheres, Julieta Palmeiras, assinaram um um Termo de Cooperação entre os órgãos.

O projeto tem como objetivo fortalecer políticas para promoção da autonomia social e  econômica, por meio de ações de capacitação, oficinas de saúde ocupacional, promoção de melhores condições de trabalho e renda dessas trabalhadoras e utilização de equipamentos de proteção individual, com o aporte de R$ 225 mil, que será distribuído a organizações da sociedade civil (OSCs), representando três regiões distintas do Estado:  

1) Região Metropolitana de Salvador ou Recôncavo; 

2) Litoral Norte e Agreste Baiano;  

3) Baixo Sul e Litoral Sul.

DEPOIMENTOS – O cerimonial do evento quebrou o paradigma ao conferir às pescadoras e marisqueiras presentes o papel de protagonismo do evento. Compuseram a mesa, além de  Palmeira e Sapucaia, Maria Aparecida Mendes, a Cida Pescadora, de Sobradinho, e a marisqueira Antonia Sidilan Conceição, de Maragogipe.
 
“Durante a vida inteira fomos consideradas ajudadores, mas nós somos trabalhadoras, guerreiras, nós somos profissionais da pesca. A gente pesca, marisca, beneficia, e ainda trabalha em casa, educa os filhos, como é que podemos ser consideradas apenas ajudadoras?”, questionou Cida Pescadora. Primeira mulher a tirar a carteira de pescadora, Cida contou um pouco de sua história de superação contra a pobreza e preconceito, antes de se tornar uma referência em beneficiamento de pescado, especialmente das tilápias, no Lago de Sobradinho.   

“O importante é não jogar nada fora, não gerar lixo, fazer o beneficiamento para diminuir o impacto ambiental do descrte dos resíduos”, ensinou Cida, que produz biojoias, biogás e biofertilizantes a partir do aproveitamento de vísceras, cabeça, espinhas e couro de peixes.  

Representante de um projeto premiado de ostricultura em Maragogipe, Antonia Sidilan Conceição agradeceu a oportunidade. “Eu agradeço muito à  SPM e a todos os parceiros que nos ajudaram e continuam nos ajudando. Começamos vendendo nossa produção com uma bancada, hoje temos pra mais de 100”, contou.  

Jaira Celeste de Jesus, Suzi da Pesca, trouxe instrumentos de trabalho para o auditório “Dizem que a gente não sabe falar, nós sabemos sim, só que não nos dão espaço. A gente sabe falar do nosso dia a dia, a marisqueira, a catadeira, a escamadeira, as outras que conduzem a catraia, a gente é discriminada em tudo. Eu pesco em Tubarão, os motoristas não deixam a gente entrar no ônibus, não tem creche em tempo de maré, sofremos assédio sexual, temos lama no útero. Vocês ajudam, mas nós marisqueiras precisamos de mais e mais e mais e mais”, declarou.

Para o presidente da Bahia Pesca, a interlocução com a SPM foi fundamental para a construção de um projeto inclusivo. “Foi um projeto construído a várias mãos, um projeto que visa atender as pescadoras e marisqueiras com o nome sugestivo ¨Respeita as Mina das Águas” porque vocês merecem muito respeito, carinho e atenção. Melhorar condições de trabalho e condições socioeconômicas de vocês, todos aqui estamos com o mesmo objetivo”, declaou. 

A secretaria Julieta Palmeira destacou a importância de se realizar um edital que vai entregar recursos às mulheres da pesca ainda no ano de 2022.  “Me sinto muito orgulhosa como secretaria queremos muito para que possamos fazer a subsistência, a gente precisa fazer mais do que isso, proporcionar autonomia econômica e social das mulheres. A gente sabe que isso é pouco, mas a gente sabe que se conseguir mais projetos a gente se fortalece pra pleitear mais recursos”, completou.