Liderados pela JBS, os frigoríficos catapultaram o valor de mercado das companhias do agronegócio listadas na bolsa. Levantamento do Valor Data mostra que as empresas do setor com ações negociadas na B3 devem encerrar o ano valendo mais de R$ 163,5 bilhões.
Trata-se de um aumento de quase R$ 76 bilhões na comparação com o fim do ano passado. Grande parte das companhias que compõe o grupo se valorizou acima do Ibovespa – o principal índice da bolsa brasileira subiu 32,6% no acumulado do ano. Apenas a Fertilizantes Heringer e o grupo sucroalcooleiro Biosev, ambos às voltas com problemas financeiros, per deram valor ao longo do ano.
Com um faturamento combinado de quase R$ 300 bilhões, as quatro indústrias de carnes listadas na B3 – JBS, BRF, Marfrig e Minerva – foram beneficiadas pela epidemia de peste suína africana na China. O vírus, que dizimou metade do plantel do país asiático e fez os preços internacionais da carne dispararem, levou a uma onda de otimismo aos investidor es. A expectativa é que os frigoríficos do país, especialmente aqueles que produzem carne bovina, continuem batendo recordes na exportação. A China já é o principal destino das exportações de carnes.
Maior empresa privada não-financeira do país, com faturamento anual de quase R$ 200 bilhões, a JBS foi a maior responsável pela variação do valor de mercado. Neste ano, as ações da empresa controlada pela família Batista se valorizaram quase 130%. Com isso, o grupo passou a valer na bolsa R$ 72 bilhões, aumento de R$ 40,4 bilhões.
Em termos relativos, porém, a Minerva Foods foi a companhia do agronegócio que mais se valorizou, puxada pela maior demanda chinesa por carne bovina e pela redução do índice de endividamento. O grupo comandado pelo empresário Fernando Galletti de Queiroz utilizou a geração de caixa e o montante de R$ 1 bilhão obtido por meio de um aumento de capital no fim do ano passado para equilibrar as contas. Nesse cenário, os papéis subiram 155%. Com isso, o valor de mercado superou os R$ 4,8 bilhões.
Aproveitando o momento chinês, a Marfrig e a BRF também se valorizaram. No caso da dona da Sadia e Perdigão, a reestruturação financeira, com a venda de ativos no exterior, também ajudou a sustentar as cotações. Na bolsa, as ações da BRF subiram 60,7% no acumulado do ano e o valor de mercado chegou a R$ 28,5 bilhões – ainda abaixo dos áureos tempos da empresa, que já chegou a valer R$ 62,8 bilhões.
Os papéis da Marfrig também tiveram uma valorização expressiva, de 78,7%. Mas a alta poderia ser maior, não fosse a pressão baixista exercida pela oferta subsequente de ações feita recentemente pela empresa para dar saída ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e para captar cerca de R$ 900 milhões.
Quando anunciou a operação, no dia 6 de dezembro, as ações eram negociadas a R$ 11,10. Dada a posição expressiva do banco, que tinha 33,7% do capital da Marfrig, a oferta de ações saiu com desconto – por R$ 10,00 -, pressionando os papéis.
No setor sucroalcooleiro, a Cosan – que atualmente obtém grande do faturamento com combustíveis e energia -, e a São Martinho se valorizaram. A recuperação da economia no Brasil, ainda que lenta, colaborou para a melhora dos principais negócios da Cosan, incluindo da Raízen Energia, joint venture com a Shell. A empresa foi beneficiada pela alta do do etanol, que seguiu a valorização da gasolina. A incorporação da trading de energia WX também deu mais corpo aos resultados da Raízen. O grupo encerrou 2019 com um valor de mercado R$ 13,9 bilhões maior do que o ano passado, valorização de 102,6%, somando R$ 27,6 bilhões.
Único “puro sangue” do setor sucroalcooleiro na bolsa, o Grupo São Martinho também viu seu valor de mercado avançar sob o impulso dos bons resultados no segmento de etanol, além de uma estratégia própria para açúcar nesta safra, adiantando entregas para exportação. Os papéis da companhia acumularam uma alta de 37,3% no ano e seu valor de mercado atingiu R$ 8,6 bilhões na B3.
Entre as empresas produtoras de grãos, a Terra Santa foi o principal destaque. Com as finanças reorganizadas após uma renegociação de dívidas com bancos e a captação de recursos junto aos acionistas – o que inclui investidores como Silvio Tini e a gestora Laplace -, o grupo registrou uma valorização de 78%. Na bolsa, a Terra Santa está avaliado em R$ 471 milhões. SLC Agrícola e BrasilAgro, que atuam no mesmo segmento, viram as ações subirem 24% e 31%, respectivamente.
Outro destaque foi a Kepler Weber, de silos agrícolas. Os papéis do grupo, que passou por uma mudança na composição acionária, com a saída da Previ e a entrada da gestora Tarpon, quase dobraram de valor.
Fonte: Valor Econômico
Foto: Ana Paula Paiva/Valor
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