Salvador perdeu o posto de capital econômica do Nordeste, sendo superada por Fortaleza, que é agora a única capital nordestina entre as 10 maiores economias do País. Salvador, que em 2017 ostentava o 9º maior PIB brasileiro, caiu para o 12º lugar em 2019, sendo superado por Fortaleza, Campinas e Guarulhos. Isso aconteceu por um motivo simples: entre 2017 e 2019, enquanto o PIB de Salvador cresceu menos de 2%, o PIB de Fortaleza cresceu quase 10%. Esse processo de redução na participação do PIB não é só na capital, mas em todo o Estado e o PIB da Bahia também perdeu o 6º lugar no ranking nacional em 2014 para Santa Catarina, que começa a se distanciar, representando 4,4% do PIB brasileiro, enquanto a Bahia permanece estacionada em 4,0%, na 7ª posição. Guardadas as devidas proporções, o motivo da perda de dinamismo econômico é o mesmo para estado e capital: queda expressiva na produção industrial. A indústria em Salvador está refluindo e, sim, meu caro leitor, Salvador tem indústria, e ela representa 12% do PIB metropolitano e faz do município o segundo maior PIB industrial do estado, superado apenas por Camaçari.
Pois bem, a produção industrial de Salvador vem caindo há dois anos seguidos, seguindo a tendência estadual, e sua participação reduziu-se para pouco mais de 10% do PIB. Essa indústria soteropolitana é composta de pequenas e médias empresas e não é poluente, mas como já é verdade sacramentada que Salvador não tem indústria (sic), ninguém dá muita importância a ela, nem mesmo o poder público. Pelo contrário, ainda existe quem queira preservar a cidade da “sujeira” industrial, fazendo de Salvador um bucólico balneário, sem lembrar que cidades turísticas como Nápoles, Nova York e Buenos Aires preservam sua indústria e sem se perguntar se apenas o setor de serviços será capaz de gerar os empregos que os soteropolitanos precisam.
Os dados mostram também que o setor de serviços, que engloba turismo, comércio e os serviços propriamente ditos, ficou praticamente estagnado em Salvador no período, enquanto crescia muito mais na capital cearense. Há também que levar em conta os investimentos em educação, que vêm sendo realizados em Fortaleza e no Ceará, que elevaram substancialmente suas notas no IDEB e hoje são exemplos nacionais de como o investimento público em educação se transforma em dinamismo econômico. Infelizmente, nem Salvador, nem a Bahia perceberam a importância de investir em educação, setor que nunca foi elevado à condição de prioridade. Salvador ainda pode voltar a ser a principal economia do Nordeste, pois a diferença percentual com Fortaleza ainda é pequena e o mesmo raciocínio serve para a Bahia, em relação à Santa Catarina. Mas para isso ambos precisam voltar a fazer planejamento, colocando em segundo plano a visão fiscalista, que há mais de 20 anos domina o Estado e que tem a vantagem de deixar as contas equilibradas, sempre elevando receitas, mas a enorme desvantagem de gravar a atividade econômica sempre aumentando impostos. No caso de Salvador, é fundamental implantar uma política de estímulo à atividade econômica, que inclua o apoio ao turismo e ao setor cultural, mas também contemple a indústria, o complexo de saúde e educação, a tecnologia, o segmento de pesquisa e desenvolvimento, o setor portuário e exportador e as atividades que possam diversificar e ampliar a dinâmica econômica da cidade.
Noite de autógrafos
A convite da Livraria Escariz e a pedido dos leitores, estarei autografando meu último livro “Os 7 Vocábulos”, e outros títulos, nesta quinta-feira, 20, a partir das 18 horas, no Shopping Barra. Os 7 Vocábulos é um livro especial para mim, pois nele, ainda que em forma de ficção e “en passant”, falo sobre o Ginásio de São Bento, onde fiz o curso fundamental, do Colégio Central, da Faculdade de Economia e de alguns personagens que conheci. Tudo isso embalado em uma história que tem como tema um pacto entre um escritor em busca do reconhecimento e um editor em busca de um best-seller. E esse pacto, que pode terminar em morte, tem como base a criação de novas histórias.