“Ele subiu o morro sem gravata, dizendo que gostava da massa, foi lá na Tendinha bebeu cachaça, até bagulho fumou, entrou no meu barracão e lá usou Lata de goiabada como prato, eu logo percebi é mais um candidato para a Próxima eleição”. (Bezerra da Silva)
Com a proximidade das eleições municipais, que deverão de fato acontecer em novembro, a velha política começar a mostrar a sua cara e tomar as ruas da cidade, sobretudo, nos bairros populares. A tática permanece sempre a mesma. “Desde que o samba é samba é assim”, diria Caetano Veloso. Chegam de mansinho, travestidos de povão e totalmente diferentes do que de fato são. Vendem sonhos em troca do voto. No Complexo Nordeste de Amaralina não é diferente. Na última semana, o vereador José Trindade reuniu algumas lideranças do bairro ligadas ao seu mandato e alheios invadiram as ruas do Nordeste, Vale das Pedrinhas, Santa Cruz e Chapada do Rio Vermelho com máscaras personalizadas e camisas com o nome do vereador. Durante a ação foram distribuídos materiais de limpeza e um informativo com o nome do vereador.
O Nordesteusou ouviu o advogado especialista em direito eleitoral, Luís Vinicius Aragão. De acordo com o jurista, o fato trata-se de uma situação clara de estelionato eleitoral. “A distribuição de bens de utilidade ao eleitor em troca de voto com vinculado a um apelo eleitoral (pedido de voto, por exemplo), durante o período eleitoral é enquadrável como compra de voto. A compra de voto é punível com a cassação do mandato. No período pré-eleitoral, quando ainda não temos a escolha dos candidatos pelas convenções partidárias e o registro de suas candidaturas na Justiça Eleitoral, tal atitude pode ser enquadrado como abuso de poder econômico se presente vínculo com a eleição vindoura”, explicou o advogado.
“Do ponto de vista da propaganda antecipada, a legislação foi mudada em 2015 e a propaganda antecipada só se configura quando há pedido explícito de voto. No entanto, alguns pré-candidatos confundem a autorização para debater ideias nas redes sociais, reuniões e meios de comunicação (trazida pela mudança legislativa) com um vale-tudo e começam a confeccionar artefatos de propaganda que não guardam relação com um debate democrático de ideias, mas querem, na verdade, exibir poderio econômico com confecção de camisa, adesivos, faixas e, mais recentemente, de máscaras, para impressionar o eleitorado de forma prematura e margem do espírito que a lei propõe”, completou.
Opinião – Sem qualquer tipo de identificação com o bairro, o referido vereador insiste em hábitos oriundos da velha política para cativar o eleitorado, em especial no Complexo Nordeste de Amaralina, esquecidos pelo poder público e carentes dos serviços mais básicos. Pesa também contra Trindade diversas denúncias de lideranças que o acusam de traição e calote. Um mandato descolado de qualquer tipo de bandeira ou causa de anseio popular e que por sobrevivência política se presta ao papel de salvador da pátria.
O Nordeste de Amaralina precisa urgentemente ser imunizado contra o vírus da politicagem. Abre aspas maestro: “Meu irmão, se liga no que eu vou lhe dizer / Hoje ele pede o seu voto, amanhã manda a polícia lhe bater / Meu irmão, se liga no que eu vou lhe dizer / Hoje ele pede o seu voto, amanhã manda a polícia lhe prender / Hoje ele pede o seu o voto, amanhã manda a polícia lhe bater / Eu falei pra você, viu?”