Eleito em 2016 com 46.183 votos (40,26%), o atual prefeito de Juazeiro, Paulo Bonfim (PCdoB), segue com grande popularidade entre a população. Natural de Ipiaú, no sul do estado, Paulo começou a trabalhar em Juazeiro como garçom. Graduado em Gestão Pública, iniciou na vida política em 2011 quando, através do ex-prefeito Isaac Carvalho, assumiu a Secretaria de Serviços Públicos do município. Em 2013 deixou a Sesp para assumir a Secretaria de Governo, ficando responsável pela articulação política da gestão de Isaac Carvalho.
O trabalho feito nos últimos quatro anos à frente da administração municipal, faz da reeleição um caminha natural para o gestor. Entretanto, o combate à pandemia é apontada por Paulo Bonfim como a única prioridade de momento. “Minha única preocupação no momento é salvar vidas”, disse o prefeito em entrevista exclusiva ao Bahia Sem Fronteiras.
Confira:
Bahia Sem Fronteiras – Gostaria que o senhor destacasse as principais medidas da Prefeitura de Juazeiro frente à pandemia.
Paulo Bonfim – Foram muitas. Fomos a primeira cidade a tomar medidas preventivas para o enfrentamento ao coronavírus. Suspendemos aulas, entregamos kits merendas, criamos abrigos para pessoas em situação de rua, fizemos a desinfecção de ruas e locais de grande aglomeração de pessoas, fechamos o comércio, recentemente, colocamos toque de recolher e barreiras sanitárias nos distritos, também demos atenção especial ao nosso mercado do produtor, com medição de temperatura e túnel de desinfecção. Com o auxílio emergencial, houve uma procura muito grande aos bancos e lotéricas. Assim, procuramos facilitar o acesso e manter o distanciamento social: marcamos o chão, colocamos pias para lavar as mãos e banheiros, toldos e também instalamos balcões de atendimento, em parceria com a Caixa. Alem de uma série de ações que tem sido reconhecida pela população.
Quais os principais impactos da pandemia na economia do município? Tem como prever os efeitos a curto, médio e longo prazo?
Os impactos já são sentidos. Infelizmente, temos notícias de demissões no comércio. Na arrecadação da Prefeitura de Juazeiro, o impacto tem sido considerável tanto nos impostos municipais quanto nas transferências federais. Fechamos os últimos 30 dias com um déficit de cerca de 4 milhões de reais entre o previsto e o efetivamente recebido.
O que atenua nossa situação é o fato de estarmos numa região agrícola e este setor sentir menos os danos da pandemia. Todavia, ainda é complicado fazer projeções mais definitivas dos impactos para o futuro. Esperamos que a retomada seja breve e voltemos a ser o que vínhamos sendo nos últimos anos: a cidade de maior geração de emprego no interior do estado e uma das maiores do Brasil.
Até então, como o senhor avalia o auxílio prestado, tanto na esfera federal quanto na estadual, ao município durante a pandemia? Existe parceria com o Governo Federal? E com o estado?
Da União, até aqui recebemos apenas R$ 4,9 milhões destinados ao enfrentamento da pandemia. O Congresso aprovou ajuda a estados e municípios, mas até esta data o presidente não sancionou a lei. Estes recursos nos ajudarão, se chegarem, a cobrir as quedas de arrecadação com ICMS, ISS e o próprio FPM.
Sem ele, temos feito o enorme esforço para manter nossa folha de pagamento em dia. É algo que tratamos como prioridade. Mas precisamos que as disputas políticas não atrapalhem e que o presidente possa compreender que, sem ajuda do Governo Federal, as prefeituras de todo o país enfrentarão sérios problemas.
O governo estadual tem nos ajudado nas questões de Saúde. É nosso parceiro na transformação da UPA em unidade do coronavírus e na disponibilização de EPIs e testes rápidos. Tenho conversado permanentemente com o governador Rui Costa no sentido de ampliar o número de leitos na cidade.
O senhor é naturalmente um pré-candidato à reeleição. Como vem sendo tratado isso durante esse período?
Minha única preocupação no momento é salvar vidas. O processo eleitoral tem sua importância, mas não é a prioridade de agora. Por isto, todos os nossos esforços têm se voltado para o controle da pandemia e, neste aspecto, creio que Juazeiro tem obtido êxito naquilo que está dentro das nossas possibilidades.
Qual sua posição sobre um possível adiamento das eleições municipais?
Quanto ao adiamento, eu gostaria que ele não acontecesse. Todavia, parece-me que será inevitável. Diante do cenário visto no país, muito dificilmente tenhamos condições de realizar as eleições em outubro.