O objetivo do projeto Lagos do São Francisco é promover a recuperação de áreas degradadas e o repovoamento da Caatinga com espécies nativas
O projeto Lagos do São Francisco, uma parceria da Embrapa Semiárido, Chesf, BNDES e prefeituras municipais, vem promovendo ações nos estados de Sergipe e Alagoas para a recuperação da Caatinga e preservação de nascentes. As atividades estão sendo realizadas em áreas de produtores, por meio da implantação de Campus de Aprendizagem Tecnológica (CATs) voltados à preservação ambiental.
O coordenador das atividades, o pesquisador da Embrapa Semiárido Iêdo Bezerra Sá, explica que o objetivo é promover a recuperação de áreas degradadas e o repovoamento da Caatinga com espécies nativas. Para isso, vem realizando um trabalho de análise das propriedades e seleção de plantas mais adequadas para o reflorestamento, respeitando as características do ambiente. “A ideia é imitar a natureza, plantando espécies arbóreas que já existiam no local”, completa Iêdo.
Duas propriedades no município de Delmiro Gouveia, estado do Alagoas, já estão tendo a sua biodiversidade restaurada com o plantio de mudas arbóreas da Caatinga como o umbuzeiro, Baraúna, Imburana de Cambão, Angico, Catingueira e Quixabeira. O trabalho é realizado de forma conjunta, em que os produtores têm participação ativa na seleção das espécies que serão inseridas nas áreas selecionadas.
Com a ajuda de técnicos da prefeitura, é feita a preparação das mudas, o plantio e manutenção. A Embrapa realiza treinamentos, disponibiliza as mudas e também faz o acompanhamento de todo o processo, incluindo o momento dos plantios, análise do solo e espaçamento, para que não haja competição de água e nutrientes entre as plantas.
Preservação de nascentes
No município de Poço Redondo, no estado de Sergipe, o projeto está trabalhando no Assentamento Cajueiro com o reflorestamento do entorno de uma nascente que historicamente matou a sede de diversas famílias e animais da região. Estão sendo feitos cordões de vegetação arbóreas de espécies da Caatinga, entre elas Ipê Roxo, Craibeira, Angico, Pau Ferro, Ipê Amarelo e Aroeira, no intuito de frear a sedimentação que vem atingindo a nascente.
Para o técnico Marcos França, agrônomo da prefeitura de Poço Redondo, este é um trabalho muito importante e que traz uma visão de preservação para as novas gerações. “Esperamos que no futuro possamos ter esse bioma preservado e essa nascente jorrando água, alimentando o Rio São Francisco”.
No município de Canindé de São Francisco, ainda no estado de Sergipe, o trabalho busca a preservação de outra nascente com vazão de mais de 18 mil litros de água por dia. Lá, a área em volta da nascente será toda repovoada com Craibeira, Mulungu, Aroeira, Baraúna, Jatobá, Pereiro, Pau Ferro, Ipê e Mororó, dentre outras. Estas espécies já observadas na área e que também foram demandadas pelo produtor.
Sobre o Projeto
O projeto ‘Ações de Desenvolvimento para Produtores Agropecuários e Estudantes dos Lagos do São Francisco’, é fruto da cooperação entre a Embrapa Semiárido, Chesf e o BNDES, com parceria de instituições públicas e organizações da sociedade civil.
As primeiras atividades do projeto foram iniciadas em 2019, com estimativa de beneficiar, até 2022, agricultores familiares de comunidades situadas no entorno de barragens e usinas hidrelétricas do Rio São Francisco, em 12 municípios nos estados de Alagoas, Bahia, Pernambuco e Sergipe. O esperado é que as cidades atendidas ganhem um incremento nas suas rotinas produtivas a partir do uso das potencialidades dos lagos e da inserção de novas atividades econômicas na agropecuária.
As ações previstas envolvem a instalação de diversos Campus de Aprendizagem Tecnológica (CATs), englobando a produção de mel, frutas, hortaliças e culturas alimentares, criação animal, além da preservação e recuperação da mata ciliar nessas regiões.