Bovinocultura deve ter um 2022 “desafiador”, vinda de um ano de alta de custos na cria, recria e engorda
O clima desfavorável, que afetou a produção agrícola, principalmente no Sul do Brasil, e o dólar valorizado devem fazer de 2022 um ano desafiador para a pecuária bovina brasileira, avalia o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em boletim, os pesquisadores ressaltam que o setor já vem de um ano com alta de custos de produção do boi gordo.
Levantamento feito pelo próprio Cepea, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), indicou avanço de 22% no Custo Operacional Efetivo (COE) do pecuarista na comparação de 2021 com 2020 nas propriedades de cria. Na recria e na engorda, o avanço nos custos foi de 17,88% na chamada média brasil, que considera 13 estados.
Por outro lado, os preços do boi gordo estão em tendência de alta, pelo menos desde novembro de 2021, de acordo com o indicador do Cepea. Depois da queda causada pelo embargo da China à carne brasileira em outubro – que registrou média de R$ 269,96 -, o valor subiu para R$ 297,66 em novembro e para R$ 320,90 em dezembro de 2021. Neste mês, a referência acumula alta de 2,14% até a quinta-feira (27/1), quando fechou a R$ 343,70 a arroba.
Nas principais praças de pecuária de São Paulo, o mercado tem “andado de lado”, de acordo com a Scot Consultoria. De um lado, a demanda está mais fraca, enquanto, de outro, a oferta de animais prontos para abate ainda está restrita, o que ajuda a trazer equilíbrio para os valores praticados, enquanto as escalas médias de abate na indústria estão em torno de oito dias.
Na região de Três Lagoas (MS), o consumo mais fraco tem pressionado os preços, levando a ofertas até R$ 1 por arroba mais baixas para o boi e a vaca gorda. Na região de Redenção (PA), a queda é ainda maior: chega a R$ 3 por arroba para o boi gordo e R$ 1 para a vaca gorda.
Fonte:Revista Globo Rural / Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo