Mais sorrisos e expectativa marcaram o segundo dia de vacinação contra a Covid-19 na capital baiana, nesta quarta-feira (20). Dentre os imunizados estão os profissionais que atuam na linha de frente contra o novo coronavírus no Hospital Martagão Gesteira, no Tororó, cujo início da ação foi acompanhada pelo prefeito Bruno Reis e pela vice, Ana Paula Matos. Também estiveram presentes o titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Leo Prates, e o diretor-presidente da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil, Carlos Emanuel Melo.
Na ocasião, o prefeito Bruno Reis salientou que, no primeiro dia de ação, ocorrido ontem (19), foram vacinadas 1.367 pessoas na capital baiana, representando 14% dos imunizados no Brasil. Hoje, a meta é vacinar cinco mil e, até sexta-feira, concluir a aplicação deste primeiro lote da CoronaVac. A expectativa da Prefeitura é que novas doses desembarquem na cidade semana que vem. A imunização no Martagão Gesteira foi iniciada com cinco profissionais que representaram cada uma das categorias que atuam, em unidades de saúde, na linha de frente do combate à Covid-19.
“Escolhemos aqui cinco categorias profissionais, porque há uma dúvida das pessoas, principalmente nas redes sociais, que acham que apenas médicos e enfermeiros serão vacinados. A imunização é feita também, por exemplo, nos porteiros e auxiliares de limpeza que atuam em hospitais, UPAs e Gripários. Lembramos que a prioridade neste momento são todos os trabalhadores de saúde diretamente envolvidos no enfrentamento ao novo coronvírus, além de idosos que estão em instituições de longa permanência. Aqui o Martagão faz um trabalho especial com crianças carentes, sendo uma referência na Bahia e no Brasil, e os leitos de Covid pediátrico na cidade estão aqui”, disse Bruno Reis.
O prefeito ainda ressaltou que está na busca de mais doses para conseguir vacinar mais pessoas em Salvador. “A velocidade de imunização de toda a população depende do fornecimento das vacinas. Sei que há uma expectativa grande das pessoas, mas o importante é que Salvador está preparada para vacinar até 100 mil por dia quando a campanha estiver a todo vapor”.
De acordo com o presidente da Liga Álvaro Bahia, este é um ato de esperança. “Em resumo são duas coisas: a sensação de segurança e, ao mesmo tempo, o início de um trabalho longo que vai garantir a vacinação da população, disse Emanuel Melo. Ele ainda informou que, de 900 crianças atendidas desde o início da pandemia, 132 tiveram positivo para a Covid-19 e 126 foram salvas. Hoje, das 15 crianças internadas, três têm o novo coronavírus.
Felicidade – A primeira imunizada no local foi a auxiliar de higienização Edna Brito Santos, de 45 anos. Há um ano trabalhando no Martagão Gesteira, ela revelou um fato inusitado quando recebeu a ligação avisando que seria vacinada. “Eu gritei pra todo mundo e todo mundo no ônibus que eu estava começou a bater palmas, dizendo que eu ia ficar famosa”, contou, rindo.
Ela ainda ressaltou o sentimento de receber a primeira dose da CoronaVac. “É uma emoção muito grande, porque acompanhei o primeiro caso aqui, a menina que veio de Feira de Santana, que ficou em isolamento. Graças a Deus, ela teve alta e foi pra casa. Foi uma felicidade só. É uma luta muito grande, mas a gente se uniu e conseguiu. Agora com a vacina muda tudo, a gente fica mais tranquila”, contou.
Atuando há sete anos no hospital, a médica intensivista Juliana Oliveira, de 35 anos, avaliou que a vacina é uma esperança renovada. “É uma emoção enorme após tanta tristeza, tanto transtorno. Os desafios são enormes neste período, de lidar com toda a paramentação, é um trabalho estressante, a gente não consegue ter vínculos maiores com a equipe, nem com os próprios pais, por uma questão de combate à infecção. Temos crianças em situação grave, muitas sofrendo e é bem difícil”, disse.
Para a técnica de enfermagem Ednalva Pereira, 43 anos, a expectativa agora é se livrar do vírus. “Pelo menos, ter a segurança de que estaremos imunes e que vamos imunizar toda a população. A esperança de um dia voltar a ter a nossa própria liberdade, de deixar de usar máscara, de aglomerar…”, salientou.
Visivelmente emocionada, a enfermeira Catarina Aquino, de 29 anos, disse que um filme passou pela cabeça no momento da imunização. “Veio tudo o que a gente viveu, valeu a pena as vidas que a gente salvou. Agora a gente está protegido, vai dar tudo certo e vamos sair dessa”.
“Esse momento é de muita felicidade por tudo o que vivemos, é uma vitória, tanto que na hora das fotos levantei a mão para demonstrar esse sentimento. Digo a todos que não tenham medo, a vacina foi passada por estudos e não chegaria aqui se não tivesse porcentagem de eficácia. Se vacinem, porque é o momento de a gente conseguir vencer essa pandemia”, recomendou a fisioterapeuta Carla Veloso, de 40 anos.