O deputado federal João Roma (PL) criticou as indicações da equipe de transição de Lula (PT) que propõe um furo do teto de gastos de até R$ 200 bilhões sob o pretexto de garantir o Bolsa Família de R$ 600. Roma também desaprovou também o que ele considera ser a manutenção de um discurso de palanque do presidente eleito, que tem, segundo ele, alimentado divisões e acirramento de ânimos a exemplo, dentre outros pontos, provocar o mercado financeiro.
“O melhor caminho é como nós temos trilhado desde o início do governo Bolsonaro, que é buscar responsabilidade fiscal, atuando de maneira que possamos, sim, ajudar os brasileiros em situação de vulnerabilidade, sem comprometer, sem fazer ruir a nossa economia”, disse o parlamentar do PL, em entrevista ao UOL na manhã desta terça-feira (22).
“Desde que cheguei [no Ministério da Cidadania], eu utilizava a expressão de que a área social e a econômica eram duas faces da mesma moeda. Então não adianta, sob o pretexto de querer ajudar os mais vulneráveis, exagerar, gerando um sentimento de fragilidade na área econômica, pois quando a economia não vai bem quem sofre são justamente as pessoas mais necessitadas”, apontou Roma.
O parlamentar enfatizou que o mais adequado nesse momento é buscar um discurso sem maiores exageros, buscando atuar em pontos que sejam comuns tanto aos membros do atual governo quanto do próximo do petista. Roma citou o exemplo de quando o governo Bolsonaro criou o Auxílio Emergencial e, em seguida, o Auxílio Brasil. “Achamos uma equação que o mercado compreendesse, mas mesmo assim tivemos muitos sobressaltos. Fala-se em R$ 200 bilhões [de estouro de teto] por tempo indeterminado”, criticou Roma, que comparou a aprovação da chamada PEC da Transição à assinatura de um cheque em branco.
O ex-ministro da Cidadania disse que não há empecilhos para a aprovação do Auxílio Brasil de R$ 600 a partir de 2023. “Viabilizar isso não tem dificuldade, mas a equipe de transição apresenta outros quesitos. O Auxílio de R$ 600 é consenso de todos”, salientou Roma, apontando que já havia essa previsão quando foi aprovada a PEC dos Precatórios. “O que pega mais no momento é quererem pegar novos elementos e não colocar isso com clareza para o mercado, que é intangível, pois é a percepção de vários atores”, disse.
O deputado federal também foi questionado sobre o silêncio de Jair Bolsonaro após o resultado das eleições. “Naturalmente, após as eleições, o presidente está procurando reagrupar seu grupo político e agindo de forma cautelosa. Ele teve também alguns problemas de saúde”, comentou Roma. O parlamentar do PL rechaçou entretanto que o presidente estava incitando manifestações violentas: Roma salientou que nenhum dos protestos é coordenado a partir do poder central.
“O que se observa ao lado de Bolsonaro são gestos de pacificação. A própria declaração dele foi nesse sentido: todos as manifestações são bem-vindas, mas de forma pacífica, pois os nossos métodos não são dos da esquerda, como a invasão de terras, destruição de patrimônio e impedir o direito de ir e vir”, diferenciou João Roma. “O que causa estranheza é que o Lula mantenha o discurso de palanque, entrando em temas que causam acirramento. O momento é de arrefecer os ânimos e buscar os pontos consensuais”, declarou o parlamentar do PL.