Pensando na valorização do legado que os blocos afros construíram durante as décadas de 70, 80 e 90, o cantor e compositor Bebeto Cerqueira, juntamente com o produtor musical Gustavo Caribé, lançam no próximo em julho o Sambafro. “Meio samba, meio afro”, como define Bebeto. O projeto faz uma releitura dos hits de compositores baianos que com suas letras e melodias transmitem mensagens de conscientização e de valorização da música afro na Bahia. O EP contém 5 faixas, relembrando canções que se imortalizaram nas vozes dos intérpretes dos principais blocos afros da Bahia. O projeto tem a direção de Gustavo Caribé. As releituras dessas obras serão interpretadas pelo cantor Bebeto Cerqueira, no gênero Samba de Roda.
Oriundo das rodas de samba junino do Nordeste de Amaralina, o músico Bebeto Cerqueira ressalta que a ideia principal do Sambafro é “valorizar a cultura dos blocos afros com a vertente do samba de roda, além é fazer com que as pessoas tenham acesso ao grande legado que os blocos afros construíram durante todos esses anos.”.
“Vamos mostrar o trabalho dessa gente que sempre foi discriminada, mas resistente. É um projeto que venho pensando em fazer há muitos anos e agora tive a oportunidade de reencontrar Gustavo Caribé, que é um grande músico e produtor musical. Gustavo tem grande vivência no samba chula, que é o pai de toda história do samba de roda. E eu vindo com toda vivência e experiência que tenho nos segmentos afros, desde os meus oito, nove anos de idade…”, ressalta Bebebto.
“Minha vivência no universo dos blocos afros começou com o Zanzibar, que era um bloco do Nordeste de Amaralina e fez história no carnaval de Salvador. Hoje, infelizmente, não existe mais. Tive também a oportunidade de conhecer outros projetos como Muzenza, Ilê Aiyê, Araketu, entre outros movimentos voltados à cultura afro”, concluiu.
Natural de Santo Amaro, o músico, baixista e produtor cultural, Gustavo Caribé comemorou a parceria com Bebeto e ressaltou a união entre o samba chula e o som oriundo dos blocos afro.
“Desde criança tenho contato com a chula do recôncavo. Das tardes de domingo em São Braz vendo o pessoal do samba chula tocar. Seu João do Boi, Alumínio, As Sambadeiras, Os Mestres, Roberto Mendes, que é meu mestre e meu tio, com Raimundo Sodré”, afirma Caribé.
“Fiquei muito feliz com o convite de Bebeto Cerqueira de a gente estar unindo nossas vivências. Ele com os blocos afros e eu com a chula do recôncavo. O projeto sambafro nasce dessa vontade de estar misturando os sambas. Já que tudo vem de uma matriz que é o samba chula, a gente vai misturar essa matriz com as sonoridades de viola, com os atabaques, com o som ancestral… Misturar com as cantigas dos blocos afros. Essa fusão é a finalidade do sambafro. É uma homenagem ao segmento afro, mas não deixando de enaltecer os compositores”, completa.