Serviço de reabilitação pós-Covid do Sistema Estadual de Saúde reintegra pacientes ao trabalho e às atividades do dia-a-dia

Pessoas que se curaram da Covid-19 mas que apresentam sequelas físicas ou mentais por conta da doença contam com os cuidados oferecidos gratuitamente pelo Hospital Especializado Octávio Mangabeira (Heom) e com o Centro de Referência Estadual de Atenção à Saúde do Idoso (Creasi). No Heom, os atendimentos têm maior ênfase em pacientes que adquiriram alterações respiratórias e podem ser marcados pelo telefone (71) 3117-1677 ou pelo e-mail heom.cpc@saude.ba.gov.br. Já no Creasi, os atendimentos são oferecidos para idosos acima dos 60 anos ou pelo telefone (71) 9 9692-4807. Ambas as unidades contam com equipes multiprofissionais especializadas e já receberam, juntas, mais de 1,5 mil pacientes, que passaram por mais de 18 mil atendimentos.

O Hospital Especializado Octávio Mangabeira oferece um programa semanal de fisioterapia, com uma equipe composta por médicos, fisioterapeutas, psicólogos, enfermeiros, nutricionistas e assistentes sociais. Mais de 18 mil atendimentos foram realizados pelos profissionais do hospital desde agosto de 2020. Os atendimentos são de primeira consulta, com três, seis e 12 meses do início dos sintomas.

O técnico operacional de tratamento de água Antônio Pitangueira, de 53 anos, é paciente do Heom, onde faz fisioterapia, e tem uma história emocionante. “Dos primeiros tempos da Covid eu não lembro de nada, foram 53 dias entubado, em coma. Então, eu cheguei aqui sem andar, com escaras da cabeça aos pés, e hoje eu estou praticamente recuperado, já voltei a trabalhar. Os profissionais todos que eu passei aqui sempre me acolheram bem, e o tratamento em si é ótimo. Hoje, se eu estou podendo andar já dessa forma, agradeço aqui ao pessoal do ambulatório”.

A enfermeira Vânia Pedreira, do Heom, explica a importância da fisioterapia. “A sequela mais importante é a dispnéia, em segundo lugar a fadiga. E o nosso Centro Pós-Covid tem uma reabilitação física, motora e respiratória, então, o tratamento é de extrema importância para o paciente retornar à sociedade. A sequela começa com a fadiga, mas o distanciamento social, a dificuldade de voltar à atividade social, deixa o paciente deprimido e traz, junto a isso, uma baixa qualidade de vida. Logo, a importância não é apenas física. A reabilitação da fisioterapia é também psicológica porque consegue trazer de volta a atividade social daquele doente”.

Legado

O pneumologista Marcelo Chalhoub destaca que o Hospital Octávio Mangabeira foi completamente equipado, com aparelhos que nenhum outro hospital da rede pública possui, todos voltados para a reabilitação. “Conseguimos excelentes profissionais e equipamentos, oferecemos a pletismografia, a ecoespirometria, a polissonografia, que vão beneficiar e muito a nossa população. Mesmo o Covid acabando, a gente tem uma demanda imensa de outras doenças respiratórias. E com a construção desse centro, isso vai ficar de legado para a população baiana”.

Creasi

Já o Centro de Referência Estadual de Atenção à Saúde do Idoso (Creasi), desde junho de 2021, conta com ambulatório para a reabilitação de idosos que desenvolveram sequelas decorrentes ao agravamento da Covid-19, oferecendo serviços especializados de médico, enfermeiro, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, psicólogos, nutricionistas e fonoaudiólogos para a recuperação dos pacientes. Ao total foram realizados cerca de 270 atendimentos.

A vendedora autônoma Solange Maria Pereira Santana, 61 anos, também ficou entubada por 15 dias devido à Covid-19. “Eu cheguei aqui com as pernas ainda duras, né, assim, sentindo dores. Antes de fazer o tratamento, eu não conseguia segurar nem um copo de água, que eu cansava. E qualquer esforço que eu fizesse era cansando. Mas hoje, estou bem melhor. Dentro de casa eu já consigo lavar um prato, eu consigo varrer a casa, coisa que eu não fazia antes, que eu não conseguia. Agora eu consigo forrar uma cama, entendeu?”

Recuperação da autoestima

A terapeuta ocupacional do Creasi, Iramaia Nunes, diz que o acompanhamento é importante justamente para ajudar o paciente a voltar a fazer as pequenas coisas do dia-a-dia. “Os pacientes chegam aqui com alterações psicoemocionais, muito medo, humor deprimido, muita ansiedade e com algumas questões motoras que impedem de realizar atividades normais. Nós procuramos conhecer um pouco a história desses sujeitos, entender quais são os papéis ocupacionais que eles tiveram rompidos. A gente vai desenvolver atividades específicas, das mais simples, como escovar os dentes, até as complexas. A terapia ocupacional estimula a independência, a autonomia, sobretudo, e minimizando também essas questões psicoemocionais, integrando o sujeito à sociedade”.

Fisioterapeuta do Creasi, Fernanda Jatobá conta da mudança na vida dos seus pacientes após o atendimento. “Tem paciente minha que ficava sentada para cortar legumes, verduras, frutas, lavar as coisas de mercado Semana passada ela disse que já está conseguindo fazer tudo em pé. Eles têm essa melhora muito rápido, em coisa de duas, três semanas eles já relatam essa melhora nas atividades em casa, nas atividades do trabalho, e na vida. A realização desses pacientes, ao se verem desempenhando atividades que eles faziam antes da Covid, para a gente é muito gratificante”.

Fotos: Carol Garcia/ GOVBA