Vereador afirma que moradores relatam violência e diz que vai ao Ministério Público denunciar
Violência e racismo. Essas duas palavras, segundo o vereador Luiz Carlos Suíca (PT), são frequentes em reclamações de moradores de bairros periféricos de Salvador antes e durante a pandemia. Nesta terça-feira (1º), em entrevista à TV Baiana, o vereador descreveu situações constrangedoras e violentas narradas por membros de famílias do bairro de Pernambués, que foram abordados por policiais militares no final de semana.
Como vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Suíca disse que vai pedir investigação do Ministério Público (MP-BA) sobre o caso e que está auxiliando famílias a se defenderem e a denunciarem os policiais militares na Corregedoria da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP).
“Evidente que isso representa um caso isolado de grupos de policiais, a corporação não compactua com esse tipo de abordagem. Mas a Corregedoria precisa punir rigorosamente. Enquanto não tivermos governos voltados para o bem-estar do povo e políticas públicas que criem meios de gerar empregos e ampliar acesso à educação, continuaremos com essa realidade”, pontua.
“Há fiscalização diferenciada, mas no sentido pejorativo do termo. São ações completamente diferentes, são abordagens distintas e que afetam toda uma família. E isso acontece por causa desse racismo institucionalizado que persegue e mata pessoas negras cotidianamente no país. Agora, ainda mais acentuado. O racismo é um problema de todos”, diz Suíca.
“Precisamos de um governo que crie mais vagas nas universidades federais e nos colégios públicos e não que incentive a violência. Por isso, esse aumento expressivo de casos de racismo e de violação de direitos”, salienta o vereador.
Pantera Negra
Na entrevista à TV Baiana, Suíca também homenageou o ator estadunidense Chadwick Boseman, do filme Pantera Negra, que morreu recentemente de câncer aos 43 anos. “Primeiro herói negro que ganhou o mundo e as telas. Representação para a cultura, para as artes e para a sociedade como um todo”.
O vereador também não poupou críticas e ironizou o que chamou de “falso movimento contra o racismo”. Ele explica que “a moda agora é ser negro”, mas detalha que “nenhum desses que quer ser negro renuncia a privilégios”.
“Para o soteropolitano, o olho do Estado [a polícia] não enxerga a semelhança nos bairros nobres com os bairros periféricos. Não reconhece que todos têm os mesmos direitos de fazer churrasco na porta de casa, de jogar bola no campo do lado e de ir para onde quiser como qualquer cidadão. Por isso, acredito que essas abordagens, em qualquer momento social, têm de ser menos truculentas e a empatia deve ser constantemente praticada”, completa Suíca.
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